Lembro de quando quebraram a garrafa de champagne no cais e me
z a r p a r a m em direção a Eldorado.
As pessoas acenavam e vertiam lágrimas.
Despediam-se das expectativas e coordenadas
com as quais, umas mais que as outras,
encheram meu galpão.
Só mesmo os meus próprios sonhos
ainda contrabalanceavam o peso
depositado na embarcação.
Observo os acenos pequenos...
Deixei tudo para trás,
Capitão Nemo percorrendo os mares do cotidiano.
Enfrentando polvos gigantes!
Em nome de utopias
verdadeiras bússolas no horizonte.
Não demorou para
com o escafandro da experiência
eu reconhecer suas carcaças
no fundo do oceano
há muito naufragadas.
Hoje
Navego nu no nevoeiro
Não há antagonistas,
não há o Peixe para o Velho.
Não há musas a sumir no panorama
enquanto as águas me encubram a vista.
O horizonte é tal qual
a um palmo de meus olhos.
Pesado. Impávido.
Vou descrevendo lenta
e
nau
fragante
E
L
I
P
S
E
em meu diário.
Antes afundasse num cabo de tormentas!
Um furo na consciência
que inundasse os meus porões
provocando um desastre ecológico
de psicológicas proporções.
Mas não...
sigo
s i n g r o
s
a
n
g
r
o
morro!
a contagotas
num oceano de emoções.
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Referências: O Holandês Voador, O Velho e o Mar, Os Trabalhadores do Mar e 20.000 Léguas Submarinas
Imagem retirada do Google